Era uma vez em um país muito, muito próximo, um vírus que era conhecido com o nome de Coronavírus. Esse vírus, como todo mundo que coloca uma coroa no nome ou na cabeça, desejava conquistar o mundo e, como não tinha pernas, a única maneira de avançar era pular de pessoa para pessoa. Então, vieram os homens e as mulheres mais fortes do mundo (ou melhor, as mulheres e os homens que achavam que eram os mais fortes do mundo), mas nenhum conseguiu derrotar o vírus, porque era tão pequeno que sempre sabia como se esquivar os golpes.
-E se é tão pequeno, como podemos vencê-lo? – as pessoas se perguntavam.
-Muito fácil! – disse um garoto que estava passando por lá (um garoto, que é todas as crianças e que nesta história simboliza o senso comum, uma característica humana que muitas vezes perdemos à medida que envelhecemos, assim como acontece com a capacidade de ver o elefante dentro da jiboia em “O Pequeno Príncipe”).
-Se ele não tem pernas, nós somos suas pernas. Se ficarmos o maior tempo possível em casa, ele não poderá continuar avançando e venceremos sem lutar, que é a maneira pela qual as lutas mais importantes da vida são vencidas – disse o garoto, deixando todos sem palavras.
E foi assim que todas as crianças ficaram em casa por duas semanas e, como adultos, aprendemos um pouco do bom senso com elas. Foi assim que todos puderam voltar a ler “O Pequeno Príncipe” e finalmente entendê-lo. E foi assim que entendemos que as vitórias mais importantes são conquistadas com armas invisíveis aos olhos.
Ilustração: Giroillustrator https://www.artstation.com/giroillustrator
Tradução: Adriana Marcela Bogado
Lletres i Gargots 